13 de out. de 2013

Saem os vícios, entra a saúde

-Ainda no ventre da gestante, o feto absorve tudo o que está no sangue da mãe-

Mulheres que têm o hábito de fumar ou consumir álcool veem-se numa situação delicada quando engravidam: como renunciar a esses prazeres que, muitas vezes, podem ser vícios? O fato é que todo cuidado é pouco quando o assunto é gestação: a relação entre a mãe e o feto é direta.
Quem não consegue renunciar ao cigarro nos primeiros três meses de gravidez aumenta a chance de um aborto natural em 70%. Além disso, esse grupo pode apresentar sangramentos, descolamento de placenta e parto prematuro, além de dar oportunidade ao surgimento de problemas de saúde congênitos para o bebê.
"A mamãe fumante, além do oxigênio no sangue também tem monóxido de carbono, que é liberado pela fumaça do cigarro, ou seja, o bebê fuma junto com a mãe", alerta a ginecologista e obstetra Caroline Alexandra Pereira de Souza, membro da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (FeBrasgo).

-O efeito da nicotina-

A nicotina, outra substância presente no cigarro, estreita os vasos sanguíneos fazendo com que chegue menos nutrientes e oxigênio para o feto, o que pode acarretar graves problemas em seu desenvolvimento. Para a mulher, este estreitamento dos vasos somado a pressão natural que a gravidez causa nas veias abdominais, compromete a circulação de sangue nas pernas, podendo causar trombose, que é a formação de coágulos dentro dos vasos.

-Por que se abster do álcool-

Os malefícios de bebidas alcoólicas também são muitos. O álcool atravessa facilmente a placenta, mantendo-se em elevada concentração no sangue do bebê e, por muito mais tempo, visto que não consegue metabolizá-lo. "O seu efeito tóxico se dá na divisão celular, elevando o risco de malformações no feto, principalmente nos primeiros meses de gestação", afirma Rosiane Mttar, presidente da comissão de gestação de alto risco da Febrasgo.
Os problemas mais graves, resultantes da ingestão do álcool na gravidez, são o risco aumentado de aborto ou de o bebê sofrer da síndrome fetal alcoólica - que é um conjunto de distúrbios, mentais e físicos, que se manifestam na criança. Ainda não se conseguiu estabelecer a quantidade de álcool a partir da qual se torna potencialmente tóxica para o feto, mas sabe-se que quantidades muito pequenas, em especial nos três primeiros meses de gravidez, são suficientes para prejudicá-lo.

-As estratégias de combate-

Vencer um vício não é fácil. Durante a gestação os cuidados devem ser maiores, já que não é recomendado o uso de nenhum tipo de medicamento com essa finalidade. "Se a gestante usa tabaco, a reposição de nicotina por meio de medicação será sempre inferior à quantidade da substância nicotina oferecida pelo cigarro. Esta pode ser uma opção, mas se a gente puder parar sem medicação, é melhor. Usar o fármaco e não diminuir o cigarro seria mais prejudicial. Ao optar pela reposição de nicotina, sem fumar, ao menos anulará a absorção das outras tantas substâncias prejudiciais que o cigarro contém", orienta João Paulo Becker Lotufo, responsável pelo Projeto Antitabágico do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP). "Infelizmente, 22% das gestantes não deixam de consumir álcool durante a gravidez", lamenta Andréia Montenegro, ginecologista do Hospital Adventista Silvestre, do Rio de Janeiro (RJ). Os especialistas concordam que procurar ajuda pode ser eficaz. Um clínico geral pode indicar mudanças de hábitos. Psicólogos e psiquiatras também podem dar apoio mental as gestantes.

-Os perigos da cocaína e dos opiácios-

Essas drogas ilícitas (assim como a heroína, a metadona e a morfina) podem causar problemas significativos para o bebê. A cocaína estreita os vasos sanguíneos e eleva a tensão arterial e o seu consumo durante a gravidez pode provocar o aborto. O filho de uma mãe viciada nessa droga é mais propenso a ter pouco peso ao nascer, além de medida corporal e circunferência da cabeça menor menores das consideras normais. Os opiácios, como atravessa a placenta, podem fazer com que o bebê já nasça viciado.