"13 coisas sobre cesárea que ninguém contou para você
Apesar de o parto normal ser a melhor opção para o bebê nascer, há mulheres que, pelo bem da sua saúde e a do filho, têm de fazer uma cesárea. Por ser uma cirurgia, esse tipo de parto tem algumas particularidades. Saiba quais são elas para não se assustar na hora – e nem depois.
1. De olhos bem abertos
Se você acha que vai dormir por causa da anestesia, está enganada! Não são usados sedativos durante o parto cesárea, porque, se a mãe é sedada, o bebê também é. Você estará consciente o tempo todo (até para ver o rostinho do seu filho pela primeira vez), mas não vai sentir dor.
2. Vão colocar uma sonda em você...
...mas não se preocupe! É logo depois da anestesia, então não vai sentir nada. Ela é necessária para esvaziar a bexiga, já que você vai passar algum tempo deitada durante e após a cirurgia.
3. Puxa-empurra durante o parto
A anestesia vai fazer com que você não sinta dor, mas, como ela não é geral e não tem sedativos, você pode ter algumas sensações. Na hora em que o bebê vai nascer, o médico faz força para posicioná-lo e ajudá-lo a sair e você pode sentir umas mexidas. Mas nada de dor!
4. Você pode ficar enjoada
Como você vai ficar deitada, a barriga pode comprimir a veia cava e causar náuseas e queda de pressão. Os analgésicos também podem ter esses efeitos. Sentiu-se mal? Avise o anestesista. Ele vai pegar uma veia sua antes da cirurgia e é por ali que vão entrar os medicamentos necessários para corrigir qualquer alteração no seu metabolismo. O mal-estar pode surgir também depois do parto.
5. Tem algo queimando aqui?
Se você sentir um cheiro de queimado, não se assuste: é o bisturi elétrico. Ele é usado em quase todas as cirurgias e o odor é por conta da cauterização dos tecidos.
6. Será que fiquei com as pernas abertas?
Antes da anestesia, você fica com as pernas abertas para que logo depois seja colocada a sonda. Como o cérebro decora a última sensação antes da anestesia, pode parecer que as suas pernas continuam abertas durante a cirurgia. Mas é só uma impressão, porque assim que a sonda está no lugar certo, os auxiliares fecham as pernas da paciente.
7. Leve tremedeira
Pode ser nervoso, frio ou até efeito da anestesia (que causa perda de calor), mas o fato é que você pode tremer quando sair da sala de cirurgia. Os médicos sabem disso e, por isso, sempre colocam uma coberta antes da paciente ir para sala de recuperação. Fique tranquila, porque passa rápido!
9. Coceira no nariz A morfina usada na anestesia pode provocar uma coceira no corpo e no rosto, mas isso é normal e passa em 24h. Se for muito intensa, o seu médico pode receitar medicações adequadas para cessar o desconforto.
10. Inchaço nos pés e nas mãos
Com o acúmulo de líquidos que acontece no seu organismo durante a gestação, é normal que você fique inchada nos primeiros dias depois do parto, principalmente nos pés e nas mãos. Apesar de ocorrer também em quem teve parto normal, é mais frequente nas mulheres que tiveram parto cesárea, porque a grávida fica mais imobilizada depois da cirurgia. Depois de uma semana, você começa a desinchar, mas repouso e drenagem linfática podem ajudar.
11. Sua pressão pode cair ao se levantar
O jejum, as horas deitadas e os efeitos dos medicamentos podem fazer você ficar tonta na primeira vez que se levantar depois do parto. O ideal é ficar sentada na cama de 10 a 15 minutos antes e ter a ajuda de uma enfermeira nesse momento.
12. Mais remédios
Para controlar a dor e melhorar a sua recuperação, você vai continuar tomando alguns medicamentos em casa, como analgésicos e antiinflamatórios, por até sete dias. Mesmo assim, durante um mês, é normal sentir fisgadas ou dores no local da cirurgia de vez em quando.
13. Um passo de cada vez Lembre-se de que você acabou de passar por uma cirurgia, então é preciso tomar cuidado com movimentos bruscos. Não há problema em fazer caminhadas e atividades normais da casa, mas nem pense em abaixar e pegar peso. E dirigir... somente após 20 dias do parto. Se você pratica exercícios mais localizados, volte aos poucos e só depois de dois meses.
"12 coisas que você precisa saber sobre a cicatrização da Cesárea
Quanto tempo leva para a barriga cicatrizar após uma cesárea? O que fazer se a região inflamar? Quais devem ser os cuidados necessários no pós-operatório? Posso tomar sol? O atrito da roupa pode prejudicar durante o período de cicatrização? Quem responde estas e outras dúvidas tão comuns entre as gestantes é o doutor Bernardo Hochman, Cirurgião plástico especialista em tratamento de cicatrizes e quelóides, chefe do setor de Orientação em Cicatrização da Disciplina de Cirurgia Plástica da UNIFESP e Professor Orientador do Programa de Orientação de Pós-Graduação em Cirurgia Plástica da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
1 - Quais as principais complicações estéticas que uma cicatriz de cesárea pode apresentar? Em quanto tempo ocorre a cicatrização de uma cesárea?
“A cicatrização da pele de uma cesárea ocorre entre 10 a 14 dias; entretanto, o processo de amadurecimento da cicatriz, ou seja, de atingir seu aspecto final e sua resistência a trações se prolonga por um período de 12 a 18 meses. As complicações de uma cesárea podem surgir por esforços físicos precoces das mamães, levando a aberturas parciais (ou até total) da cicatriz (chamada de deiscência dos pontos).
Essas aberturas, se não corrigidas, geralmente resultam em defeitos estéticos como retrações cicatriciais (afundamentos localizados), que podem até causar dor em certos movimentos pela aderência (fibrose) da cicatriz cutânea nos músculos, e também podem deixar as cicatrizes mais alargadas. Essas aberturas ou esforços musculares precoces e excessivos também podem facilitar que a cicatriz da cesárea torne-se do tipo hipertrófica ou até com quelóide (que serão explicadas mais adiante)”.
2 - A cicatriz pode inflamar? O que ocasiona essa inflamação?
“Qualquer cicatriz pode inflamar, inclusive de cesárea. Os fatores que podem levar a uma inflamação na cicatriz são “encravamento” de pêlos na cicatriz em formação (principalmente os pubianos no caso de cesáreas), reação inflamatória ao fio de sutura e esforços físicos precoces”.
3 – O que é cicatriz hipertrófica?
“É uma cicatriz elevada decorrente de uma resposta cicatricial exagerada da pele a uma intervenção cirúrgica ou ferimento. Essa cicatriz não ultrapassa o trajeto ou a extensão da incisão ou ferimento inicial. Apresenta tendência à regressão. A cicatriz hipertrófica é sobrelevada em relação à pele, avermelhada e usualmente com coceira espontânea.
A freqüência de cicatriz hipertrófica é, provavelmente, maior que do quelóide. A cicatriz hipertrófica pode ocorrer em qualquer idade, mas tende a se desenvolver mais freqüentemente na puberdade e adultos jovens, sendo mais rara em pessoas acima dos 60 anos de idade”.
4 - O que é o quelóide e quando acontece?
“O quelóide é uma cicatriz espessa, elevada e de superfície lisa que ocorre somente na pele (e apenas em humanos). Se estende para os lados em relação à incisão cirúrgica ou ferimento inicial, formando verdadeiras nodulações na cicatriz. O quelóide ocorre em ambos os gêneros, embora com discreta predominância em mulheres.
É mais comum em pessoas afro-descendentes (incluindo pardos ou mulatos) e em pessoas de origem oriental, embora também ocorra em pessoas brancas. Não existe quelóide espontâneo, e as lesões sem causa aparente são provocadas por ferimentos minúsculos não percebidos pelo paciente como pequenas espinhas; cicatrizes de catapora, furúnculos, feridas aberta que cicatrizaram sem que houvesse sutura, ou com infecção, também são causas comuns de quelóide”.
5 - O atrito promovido pela roupa pode prejudicar a cicatriz?
“Sim, o atrito pode prejudicar uma cicatriz pela inflamação crônica que causa, e conforme a sensibilidade pessoal da pele. Esse fator inflamatório é agravado por roupas de tecido sintético como a base de poliéster ou microfibra, mas pode facilmente ser prevenido utilizando vestimentas de algodão ou linho. Em cicatrizes mais recentes de cesárea o uso de calcinhas de algodão torna-se obrigatório em todas as mulheres”.
6 - Caso a cicatriz apresente problemas o que a paciente deve fazer?
“Na presença ou mesmo suspeita de que há algo errado na cicatriz você deve imediatamente procurar seu cirurgião, pois é o profissional mais apto a lhe ajudar e porque mais conhece você. No período pós-operatório mais recente (cerca de 15 dias), os sinais mais freqüentes que podem levantar suspeita são vermelhidão súbita na cicatriz ou na pele ao redor, com ou sem aumento da temperatura local, presença de gotas de qualquer tipo de líquido ou secreção saindo pela cicatriz, abertura de ponto(s) de sutura(s) ou parada de saída de liquido através de drenos quando houver.
Os sintomas mais freqüentes são dor e/ou coceira excessiva. Mais tardiamente, a partir de 1 mês, você deve-se ficar mais atento a uma vermelhidão persistente da cicatriz, aumento do relevo da mesma, endurecimento do tecido embaixo da cicatriz (fibrose subcutânea), além de coceira persistente. As ocorrências desses fatores podem predizer a evolução para uma cicatriz hipertrófica ou eventualmente até quelóide. Fique atenta”.
7- Quais os tratamentos disponíveis para tratar cicatrizes?
“Como o mecanismo biológico que causa a formação de cicatrizes hipertróficas e quelóide ainda não está completamente esclarecido, os tratamentos ainda não são totalmente específicos. Ao contrário do quelóide onde o tratamento cirúrgico, sempre que possível, é a opção mais indicada, nas cicatrizes hipertróficas a retirada cirúrgica não é a primeira opção.
E, para isso, dispõe-se de recursos, além dos tradicionais métodos de compressão elástica contínua por um período de 10 a 16 horas por dia por determinado tempo. O quelóide que está em fase de atividade clínica, ou seja, quando se apresenta avermelhado, com coceira e/ou dor, e/ou crescimento não deve ser operado. Nessa situação, a probabilidade da formação de um novo quelóide é muito alta, mesmo quando realizados outros tratamentos complementares à operação.
Por isso, é mais conveniente aguardar uma fase de menor atividade ou de inatividade clínica para retirá-lo, ou seja, quando a lesão parar de crescer e não apresentar coceira ou dor. Para isso, orientamos o paciente a utilizar medidas para amenizar o desconforto, como aplicação de corticóide ou compressão elástica. Contudo, atualmente dispomos de outros recursos tecnológicos para encurtar a fase de atividade clínica, como laser de baixa potência ou eletroterapia, dentre outros, para o tratamento cirúrgico ter mais chance de ser bem sucedido”.
8 - As pomadas com corticóide são usadas com muita frequência. Existem contra-indicações?
“As pomadas com corticóide (antinflamatório esteróide) já foram muito utilizadas. Porém, esse tipo de pomada pode não diminuir a espessura da cicatriz e causar um afinamento da superfície (epiderme) da cicatriz hipertrófica e do quelóide; com isso, após um período de uso superior a 1 mês, as cicatrizes costumam ficar muito avermelhadas e com a presença de pequenas e inestéticas veias (“vasinhos”).
Atualmente, como fruto das intensas pesquisas científicas e com o advento de novos recursos, deixou-se a pomada com corticóide como uma 2ª opção, apenas para os casos com intensa coceira, ou quando não for possível utilizar outro tipo de tratamento”.
9 - Muitos médicos recomendam o uso de uma fita de silicone para evitar problemas com a cicatriz. Como esse tipo de material pode colaborar no tratamento?
“Independente de todos os tipos de tratamento para cicatrizes hipertróficas e quelóide, a fita de silicone deve ser aplicada, via de regra, nessas cicatrizes, e por isso é tão recomendada por muitos médicos. A oleosidade natural da pele, fabricada por glândulas sebáceas, é responsável, dentre outras funções, pela manutenção da hidratação da pele (chamada barreira cutânea ou epidérmica).
As cicatrizes não possuem glândulas sebáceas, ou seja, são secas na sua superfície, independente do grau de oleosidade da pele ao redor. E, assim sendo, a água evapora continuamente através da cicatriz desidratando ainda mais o seu interior. Para que exista maior aporte de água na cicatriz ocorre uma dilatação dos vasos sanguíneos locais; contudo, essa água também evapora pela ausência da camada oleosa, e a cicatriz permanece desidratada, avermelhada e, portanto, inflamada, além de inestética.
Por isso, é essencial a utilização de fitas ou lâminas de silicone sobre essas cicatrizes, mantendo um nível contínuo e mais adequado de hidratação das mesmas. Entretanto, a utilização de fitas de silicone não deveria ser restringida apenas ao tratamento de cicatrizes patológicas, mas também na prevenção de quelóide após remoção cirúrgica. A fita de silicone também deve ser aplicada em qualquer cicatriz, inclusive normal, oriunda de qualquer tipo de intervenção cirúrgica. Com esse recurso, mesmo cicatrizes normais teriam seu período de avermelhamento encurtado, e a qualidade final da cicatriz seria muito melhor”.
10 - Por quanto tempo a paciente deve utilizar essa fita?
“O tempo de uso até o resultado varia de acordo com o tipo e idade da cicatriz. No quelóide e em cicatrizes hipertróficas a fita de silicone deve ser utilizada por um período longo, de muitos meses ou anos, conforme indicação do médico.
Em cicatrizes normais as fitas deveriam ser utilizadas a partir do 1º ou 2º mês pós-operatório, ou a critério médico, e pelo menos até o amadurecimento final da cicatriz, que ocorre em média entre 12 a 18 meses após a operação, ou conforme indicação médica. Uma fita de silicone Medgel deve ser utilizada entre 10 a 16 horas/dia, ou conforme indicação médica. A fita não incomoda e pode ser reutilizada após lavagem, devendo serdiariamente higienizada conforme orientações do fabricante”.
11- Exposição ao sol pode piorar o aspecto da cicatriz?
“A irradiação ultravioleta do sol é um agente fortemente agressivo à pele e pode acarretar transtornos durante o processo de cicatrização. Por isso, não se deve submeter a pele ao sol antes de uma intervenção cirúrgica.
Essa irradiação também agride uma cicatriz, podendo predispô-la mais comumente a uma pigmentação (cicatrizes escuras), ou a uma despigmentação (cicatriz mais clara que a pele, principalmente em afro-descendentes), podendo desencadear cicatrizes hipertróficas quando há excessiva exposição dos raios solares”.
12- A cicatriz não desaparece, mas existem pessoas que apresentam marcas menos aparentes. Por que isso acontece?
As cicatrizes são menos aparentes em regiões de pele mais fina (face e pálpebras), em regiões de pele submetidas à menor tração por contração muscular (face de dentro dos braços, nádegas), em pessoas com menor oleosidade na pele e em pessoas idosas (a pele é mais fina e ressecada).